Definitivamente sou um estranho. Talvez um estranho até para mim mesmo. Depois de tanto ouvir, “você é um estranho”, comecei a pensar e refletir sobre a afirmativa, e concluo: sou um estranho.
Um amigo faz apresentação a um seu amigo. Para quebrar o gelo inicial, o sujeito pergunta: qual o seu time? Poderia ser mais flexível, citar qualquer um. Sou flamengo, fluminense, botafogo, Vasco, e para evitar polêmicas, quem sabe, afirmar: sou América. Mais decido continuar sendo eu mesmo, falando a verdade: não gosto de futebol. Se mentir, e o sujeito iniciar uma discussão, falando que fulano não joga nada, que o clube pagou caro por ele, que vai para a segunda divisão? O que poderia ter sido encerrado antes de começar, pode acabar em uma grande discussão. Às vezes resolvo responder de maneira sarcástica.
- olha mandei cartas para todos os grandes times, perguntado o que ganho para torcer por algum deles, brigar, discutir, ir ao maracanã, pagar caro por um ingresso, e até hoje ninguém respondeu. Perguntei também se posso frequentar o clube deles, ir à piscina, essas coisas. Também não tive resposta, e sendo assim, não torço por ninguém e não quero saber de futebol.
Amigo, se você imaginar o que existe por trás do futebol, certamente iria parar em um hospital de tanto vomitar. Garanto a você. Tem sacanagem de todo o tipo. Jogadores que posam de machões e desfilam com belas modelos, mas não assumem a homossexualidade, têm medo. Tem jogo arranjado, tem propina alta, tem armação que você nem imagina. Bom, futebol é uma arte, diria você. Respondo: esta arte está contaminada pela sacanagem, e não só eu que vou ficar aqui batendo palmas para eles. A operação Firula da Polícia Federal prendeu vários empresários de futebol envolvidos em falcatruas de mais de vinte e quatro milhões de dólares, e eu não vi um centavo disto. Um ícone de um dos maiores clubes do Rio de Janeiro esteve envolvido na sonegação fiscal grave. Divirtam-se, briguem mais me deixe fora disto.
Sempre fui um estranho, e talvez só agora tenha percebido isto, depois de tantas afirmativas. Era estranho quando criança recusava faltar aulas, como os demais garotos. Era estranho quando questionei a obrigatoriedade, ainda que não escrita, de casar, ter filhos, e trabalhar no que não gostaria, apenas para agradar a família.
Esse cara é muito estranho! Diziam com espanto meus poucos amigos adolescentes. Quem ele pensa que é para questionar a moda? Dizer que moda é uma imposição financeira e quem deve escolher o que vestir é apenas ele? Reclamavam meus amigos.
Fui estranho, e mais, fui punido com detenção, quando ao servir ao exército obrigado, questionei tal obrigatoriedade, e mais do que isso, ter que obedecer a vários idiotas, analfabetos, tapados, sem raciocínio, pelo simples fato de que eles chegaram lá antes de mim.
Fui um estranho quando ao trabalhar em um estaleiro, questionei o fato de técnicos japoneses obrigarem a nós brasileiros a seguir os mandamentos deles. Eles que coloquem seus robôs para fazer o nosso trabalho. Além de sofrer um acidente, quebrar a perna fui praticamente expulso do lugar, sob os aplausos dos que defendi.
Sou estranho, muito estranho com as mulheres. Olha não sou propriedade sua, e nem pretendo ser. Faço o que acho que devo fazer. Digo-lhes com firmeza. Você também não é minha propriedade, você é livre para fazer o que acha que deve fazer, certo ou errado sob o ponto de vista social. Você só tem que dar satisfação a uma pessoa: você mesma. A maioria, e coloca maioria nisto, não entendem minha colocação sobre liberdade. Em suas cabeças ocas, devem ser dominadas, cobradas, e exigidas. Não comigo. O antônimo de liberdade é prisão, embora não existam grades, e a pior prisão que existe é da consciência.
Fui e sou estranho ao exigir meus direitos, dos quais não abro mão. Respeito à individualidade, respeito por minhas escolhas, sem condenação.
Não faço parte do rebanho obediente que assiste novela, discute BBB, vai ao shopping, mesmo que não seja para um “rolezinho”, que compra por impulso, que quer está na moda.
Sou um estranho por cumprimentar as pessoas no elevador, mesmo que a falta crônica de educação delas impeça a resposta. Sou estranho, por não querer dividir minha vida pessoal com quem quer que seja.
Sou estranho, muito estranho, por separar o lixo, mesmo que isto não faça grande diferença. Sou estranho por sentir falta de árvores na cidade. Quem sabe um dia não saia por ai plantando árvores?
Sou estranho por não concorda e nem aceitar sem um mínimo de questionamento, o discurso dos políticos, principalmente do PT. Sou estranho por não acreditar que tantas pessoas pensem e defendam tanto meu bem-estar, e para isto necessitam de um cargo eletivo, bem pago, com mordomias de fazer inveja a qualquer integrante da corte de Luiz XV.
Sou um estranho por questionar imposições sociais, que nada acrescentam. Sou estranho por lutar pela racionalidade, pelo lógico, e que conjecturas não são verdades.
Sou estranho por acreditar em Deus, ter certeza do meu livre arbítrio. Sou estranho por rezar todos os dias, pedi perdão por meus pecados, pedir força para continuar, e antes de tudo, perdoar aos invejosos, aos detratores. Sou estranho por ignorar o ódio, mesmo que não exista motivo para tal, muito embora o egoísmo e a individualidade exacerbada digam ao contrário.
Sou um estranho neste confuso mundo de regras estabelecidas sem minha aceitação, as quais não vou cumprir, pois se o fizesse morreria antes da hora.
Quando iniciamos o estudo de história, na primeira aula nos ensinam a importância de conhecer nosso passado. A história é cíclica, dizem os professores. Conhecer a história nos leva a refletir, não cometer os mesmos erros, evoluímos, tornamo-nos mais éticos, contribuímos para a evolução da humanidade. O conceito de olhar para o passado não se aplica apenas a nossa participação na sociedade. Aplica-se a vida pessoal. Olhar para o nosso passado, reconhecer os erros que cometemos, torna o caminho a frente mais leve, já que reconhecendo os erros, evitamos repeti-los . Uma enxurrada de vídeos que hoje circulam nas redes sociais, nos mostra a repetição de eventos ocorridos em 1938, na Alemanha. Residências e lojas de judeus com pichações nas paredes da estrela de Davi, símbolo da bandeira de Israel. Em manifestações de rua, nas maiores e mais renomadas universidades do mundo, estudantes defendem a barbárie praticada pelos terroristas do Hamas A esquerda mundial com o total apoio de um
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